Maria Madalena
Jorge Linhaça
 
Maria de Magdala
Quantas vezes difamada
Por inveja ou confusão
De adúltera chamada
E tantas vezes lembrada
Por um impróprio refrão
 
"Madalena arrependida"
Quem nunca ouviu dizer
De forma pejorativa?
Meretriz diziam ser
Sem à verdade se ater 
Confundindo a narrativa
 
Foi Maria Madalena
Companheira de Jesus
Ao lado dos discípulos
Até à morte na cruz
Seguiu o Senhor da Luz
Em muitos outros capítulos
 
Ao ser Jesus sepultado
Num sepulcro emprestado
Por José de Arimatéia
Seu coração apertado
Não quis ser dele apartado
Do homem da Galiléia
 
Com três dias já passados
Desde a crucificação
Voltou ao sepulcro santo
E o que ela viu então
Destroçou-lhe o coração
Encheu-lhe a alma de pranto
 
O sepulcro Violado
O corpo havia sumido
Assolou-a o desespero
Havia sido roubado?
Pra onde o tinham levado?
Como iria ela revê-lo?
 
Perguntou ao jardineiro
Que por ali viu passando
Aonde está meu Senhor?
Responda-me por favor!
Os seus olhos pranteando
Não o viam por inteiro
 
Mas eis que o véu se defez
E viu Maria afinal
O rosto Celestial
Do Senhor ressuscitado
Ali, bem junto, ao seu lado
Como quando era mortal
 
Madalena num repente
Fez menção de abraça-lo
Cessar de vez os seus ais
Mas o Senhor calmamente
Disse a ela simplesmente
Ainda não subi ao pai
 
Madalena aquiesceu
Aceitando o seu pedido
Sua alma se aqueceu
Aos apóstolos correu
Dizer que o Filho de Deus
Já havia revivido
 
Ó quão grande aprendizado
Recebera essa mulher
A primeira a ver Cristo
Como ser ressuscitado
Não foi outro ser qualquer
A receber tal legado
 
Madalena abençoada
Entre todos os viventes
Com tão bela aparição
Há de ser para sempre
Relembrada, reverente
Por seu grande galardão.
 
 
Salvador, 5 de janeiro de 2011