Teia Invisível

 

Viemos do fogo que acende o universo,

átomos dançam em silêncio profundo,

um sopro do espaço, breve centelha

no livro do tempo, antigo e sem fundo.

 

Nosso corpo — um enigma de águas e céu,

feito de coisas e de um carbono

que talvez esteja além do nosso conhecimento,

pois nas estrelas há mais que matéria,

há brilhos que os nomes ainda não alcançamos.

 

Nossos olhos refletem a luz primeira,

que atravessou milênios até nos tocar.

Somos presença no fio do mistério,

vida tentando se decifrar.

 

O universo não tem pressa, mas pulsa.

A vida não tem mapa, mas avança.

E a mente — esse farol que pensa e ofusca —

é centelha infinita na matéria que cansa.

 

Não estamos perdidos: somos parte.

Da partícula à galáxia, tudo é arte.

E a existência, com toda a sua grandeza,

é a ciência mais sábia

em todo o seu esplendor e beleza.