Poeira mineral

Drummond disse que fazer poesia é comer concreto

Alguém disse que cerveja tem gosto de cimento

Do outro lado de Greenwich pingam gotas de chumbo incandescente enquanto aqui a terra vermelha continua encharcada de sangue seco

Outro diz que conversa com as paredes; o preocupante é quando elas respondem. Faz sentido como mercúrio na água de beber

São quase doze e o sol não espera a chegar a pino enquanto memórias atravessadas, apressadas, ansiosas e entrecortadas movem-se em meio a angústias e antecipações trágicas

Cores pastéis, falsos fiéis, céticos medrosos, roupas de Lycra ( É pra malhar e postar 'ta pago' na selfie em frente à parede espelhada) frutas embaladas em plástico, fofocas e cizânia, cachorros sarnentos e publicidade numa tela LED.

Melhor o amargor da certeza breve.

Rodrigo Margini
Enviado por Rodrigo Margini em 25/03/2025
Código do texto: T8293793
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.