REALIDADE FERIDA

Um homem

Atira

E tira a vida

De outro homem.

Talvez sem motivo algum

Ou por algo

Que não

Se come.

Carne a carne

Envolve o osso

Escraviza

Redescobre.

As lâmpadas

Estão quebradas

Na entrada

Da minha rua.

Se essa rua

Fosse minha

Não teria

Barricadas

E meu amor

Passaria

Iria à feira

E traria frutas frescas.

O cheiro aqui

Apodrece

O presidente falou

Que covas.

Nem todo mundo merece.

Não precisa

Acontecer

Alguém roubou meu

Cabelo minha hora de aplaudir.

Posso torturar

O tempo

Posso matá-lo

E depois viajar

Perdi

O tempo perdido

Senti a tempestade

Freiar minha corda

Acorrentado

Às estrelas

Sem ter onde

Acordar.

Passei o dia

Aconselhando

Camelos

Caramelos vira latas

O cordão

Do meu umbigo

Não perdeu tempo

Comigo.

Afundou

Submergiu

Voltou, partiu

E nunca mais existiu

Cancelou

Minha extensão

Imobilizou a fala

O corpo caiu

Partiu metal

Sem encontrar

Obstáculo

Escureceu liberdade

Beijei espinhos

A cidade pereceu

Escureceu cedo

A chuva molhou a volta

Conciliando imagens

A noticia virtual

Ganhou espaço

Alguém legalizou

Disse pr'alguem

Não nascer

Encomendou o choro.

O medo apaga

O desejo

Muitas vezes de saber

A tinta cai da parede

Desiste da alegria

Muita gente ficou.

Se vc quiser

Eu quero

Se folhear a história

A árvore vai reclamar

Se chove molha

Demais

Se não chove

A alface some

Tive já tantas vontades

E agora

A minha história

Diz que inventei

Minha casa

Minhas falas solitárias

Sem companhia pra nada

O mesmo script

O medo

Pode vir de além

Do fundo

Do poço sem água

Porque

Alguém puxa

A corda

E acorda a dor de não ter.

Você acordou

Em outra cama

O amor ficou de ontem

Adormecido sem alma.

E a calma

Invade o sentido

Do que não foi dito

O veredicto final oculto.

A loucura invade a fila

O pão não tem contrato

O trato é alimentar

As roupas de verão

Estão na corda

O sol saiu sem face

Pra aquecer a água.

A sombra molhada

Engravida

Da luz restante

À boca da noite

E os lobisomens

Passam observando

O luar

Desencantados

Os filhos largam

Seus pais

Em busca de paz

Ilusões e liberdade

Sonhos de infantes

CANTIS vazios

NOITES FRIAS

A FOME TAMBÉM OS TRAEM.

LUTA SEM FIM

Então é isso

As feras saíram

Dos filmes

Os dragões lançaram chamas

Chamam de volta seu líder

O montador respira e pira

Com a ilusão da vitória.

Estou estudando um geito

Que me ilumine os olhos

E me diga sem palavras

A solidão me encontrou.

Meninas nuas

Meninas ainda cruas

Filhos sem pai

Choro sem ai.

Pais bêbados

Pais ainda cedo

Cegos em seus egos

Escombros.

Cheguei cedo demais

E você onde está

O encontro me entornou

Estou com sede

O medo também

Atrai

Sinto -me livre

Pra chorar agora.

"Ouve" um tiro

Na entrada

Alguém sem voz

Caiu num grito.

Talvez fora agora

Amamentar a coragem

Faz de conta

O dia será solene.

O ensaio aconteceu

Pra prevenir

O inevitável

O Pai está quase lá.

A escola passa

A dança fica na cabeça

O Carnaval

Envolve a massa

Chegou o sonoTudo mais

Envolve o corpo

No alto do morro alto

Os donos da dor.

No centro do trono central

Estão os donos

Da outra face

Da Cruz.

Minha alma

Está torrando

Em brasas

De pau mandado.

Ainda posso fazer

Um coração desandar

Meus cães

Estão por aí

Você caiu em minha cama

E acordou

Dona da casa

E eu descobri onde ir.

Passo a passo

Tomo conta de mim

Perco o passo

O mar não tem peixes

Toda arrependida

Sem coragem de sorrir

Aumenta o tom

Fala sobre o que não sabe.

O pão está sobre a mesa

Falta a família aqui

Posso usar você

Mas a manteiga é pouca.

É sorte viver tão pouco

Vida de louco

Morte e sufoco

O sorteio improvisa

Sinto que não

Sou daqui

Por isso quero

Não ter a ilusão de viver

Apenas comecei

Tirar a sujeira

A poeira

A estrada ainda está em mim.

Mesmo assim

Ainda quero ir

Tirar da cartola

Meu último truque.

O outro veio direto

Agora preciso pensar

O dia já começou

E ainda nem levantei.

Senti sim

Quando cai do barco

Do caminhão da mudança

Fui deixado pra trás.

Mesmo assim

Sem ter como voltar

Tive que reinventar

A trilha.

Aqui onde estou, 26295/060

guedesharas

Geraldo Guedes Cardoso
Enviado por Geraldo Guedes Cardoso em 04/03/2025
Código do texto: T8277220
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.