O atentado ao ócio criativo

Passamos por um mundo parnasiano, anos de rosas cravejadas de ouro e romance.

Num lance de olhar, tudo perde o seu lugar no apitar das fábricas, como num passe de mágica, o ócio foi chamado de inútil.

Dentro do útil, viemos tropeçar em duas grandes guerras, da modernidade fez delinear.

No meio do mar de cidades, a identidade conta as emoções que se expressão somente em cores, perdendo todo o seu detalhe do traço, já no laço da fotografia, que se via em tudo pronto e acabado.

A vanguarda espia, linhas simples e úteis precipitam a própria Brasília, que nos poupe.

Caem sob terra os detalhes, entalhes, bilhetes, regalos e serpentinas.

Abrindo as cortinas dos espaços, vãos e o descaso da frieza da contida rotina.

Seria um atentado ao ócio criativo?

Acabou acertando em cheio o romance das cores?

Cadê o incentivo dos amores?

Para onde foram todos os sabores?

Engolidos pelos vapores da modernidade. Talvez.

Vinícios Gonsalo
Enviado por Vinícios Gonsalo em 27/02/2025
Reeditado em 27/02/2025
Código do texto: T8274110
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