ANARQUISTA? SIM!
Sou um velho,
Nem tão velho,
Homem de meia idade,
Ainda não a tenho por inteiro.
Sou gente desacreditada,
Pelos cantos amotinada,
Levo vida nada regrada,
Vez ou outra tomo uma lapada.
Mas ainda acredito,
Mesmo que desconfiado,
Que o mundo tem jeito,
Acho melhor ele ficar parado.
E para tudo tem uma Lei,
Eu não posso fazer nada,
Se tenho um simples bem,
Tenho que pagar uma bolada.
Vou-me embora dessa tribo,
Que está ultrapassada.
Fundarei um esconderijo,
Onde a vida será bem levada.
Sem leis e sem regras,
Mas com vida orientada,
Quem quiser anda vestido,
Outra turma anda pelada.
E para o bem de todo mundo,
Todo bem será de todos,
Não teremos carnê em casa,
Ninguém vai pagar nada.
E se acaso ficar doente,
Vai direto para o pajé,
Esse cara diferente,
Que cura pela natureza e pela fé.
E se alguém quiser ser um líder,
Que seja, servindo aos outros,
Com tamanha humildade,
Que até pareça um bobo!
Pode chegar quem quiser,
Só esqueça a soberba,
Lá no mundo sem fronteiras,
Tanto faz ser homem ou mulher.
E se chegarem outras tribos,
Elas serão bem-vindas,
Sem nenhuma discriminação,
Nossa gente é sacudida.
O poder é do povo,
E a ele deve ser dado.
Mas nessa terra indecente,
Só o rico é bem tratado.
Sem dinheiro e hierarquia,
No esconderijo tudo será trocado,
Se tu tem uma melancia,
Em troca te dou um melado.
Aqui nessa terra boa,
Pode entrar todo mundo,
Não precisa documento,
Nem passaporte carimbado.