“PROLE VERDADEIRA”.

Vim de raiz nordestina,

Sou um híbrido por nascimento,

Que a vida determina,

Não me escuso em momentos,

Tento fugir das ruínas,

Tendo olhos sempre atentos,

E recanto na campina,

Abrolhei um robusto rebento,

Ao cumprir minha sina!

Já experimentei o sofrimento,

Já fui caboclo tinhoso,

Comprando briga com a sorte,

Muitas vezes fui teimoso,

Não desisti por que sou forte,

Tenho intelecto vantajoso,

Sou homem um filho do norte,

De um coração generoso,

Tenho dessa vida um recorte,

Pra me tornar vigoroso!

Como um touro no cangote!

Nunca corri de embates,

Sempre ao cumprir meu dever,

Nas dobras dos alfaiates,

Esquadrinhando enfim merecer,

Se há quem me destrate,

Aos quais não conjecturo saber,

Pelas areias do Eufrates,

Que o sol se abrasa por querer,

Se o tempo me desgaste,

Vamos todos enfim envelhecer!

A pindaíba é a miséria,

No meu linguajar nordestino,

Não me achei tagarela,

Nem quando eu era menino,

Pois já comi na panela,

Mas nunca usei trajes finos,

meu cinto é sem fivela,

Por fim sou sempre interino,

Na noite das Cinderelas,

Aboboras é carro de grã-fino!

Caboclo rondoniense,

E filiação de um seringueiro,

Do velho pai cearense,

E exterioridade de guerreiro,

Um inculto experiente,

Mas de um tino verdadeiro,

E que se foi felizmente,

O meu velho e companheiro,

E o que resta somente,

Sem ter herança um herdeiro!

Aqui carrego no peito,

Um sangue forte e encarnado,

Posso até ter defeitos,

E ser sem perceber enganado,

E o que me diz respeito,

Jamais permanecerei calado,

Sou daqueles sujeitos,

Que o certo nunca foi errado,

Por isso no meu direito,

Enfrento até os magistrados!

Sou cidadão honesto,

Vivo a cumprir minha missão,

Assim a sobra é restos,

Digo e repito sem altercação,

Só a verdade de perto,

Eleva o homem em perfeição,

Se esse não tem afeto,

Tem do mundo a indignação,

Torna-se em ser objeto,

Sem ter propósitos ou razão!

Cbpoesias.

05/06/2024.