No Passo do Boi

NO PASSO DO BOI (Teto Machado)

E FORAM CHEGANDO TROPEIROS, AVENTUREIROS E RETIRANTES ABRINDO CAMINHOS NA MATA FAZENDO CERCA, ACERO DE ROÇA ERGUERAM AOS POUCOS A VILA A CASA-SEDE DO PIONEIRO

TROUXERAM DE LONGE A BOIADA

NASCEU A CULTURA DO BOI...

FIZERAM ESTRADAS NO RASTRO ÀS MARGENS LIMPAS DO CATOLÉ

CORTARAM AS MATAS FECHADAS PARA PLANTAR SEUS CAPINAIS

A TERRA FICOU DEVASTADA E A FIRMEZA FICOU NO BOI

A CHUVA NÃO VEM NA INVERNADA, A SECA CASTIGA DEPOIS

DO BOI SE ERGUEU A CIDADE, DO BOI SE FEZ A CANÇÃO

NO BOI SE BASEIA A VERDADE NA TERRA ONDE O FORTE É O PEÃO

NO PASSO DO BOI, MEU BOI

NO PASSO DO BOI PISAR

NA TERRA QUE É FIRME ANDEI

O GADO QUE É FORTE ABOIAR

Ê BUMBA-MEU-BOI, Ê, HEI

Ê BUMBA-MEU-BOI BUMBA

ABRIRAM PICADAS NA SELVA LÁ DO PLANALDO AO LITORAL

FIZERAM PASSAGEM PRO GADO ONDE HABITAVA INDIO CAMACÃ

DE LONGE SE VIA A FUMAÇA MATO QUEIMANDO, FOGO PRO CÉU

AOS POUCOS NÃO MAIS O SILÊNCIO ESTALOS DE ARMAS NO AR

E FORAM INVADINDO OS ESPAÇOS DE BOTOCUDOS E MONGOIÓS

TANGIDOS, ABATIDOS NAS TABAS BANIDOS PRA SEMPRE DO RECORDAR

LEVADOS PRA ALÉM COURO DANTA GENTE BEM POUCA O QUE SOBROU

CORREU SANGUE INDIO NA TERRA VERMELHO QUE NELA FICOU

O CHÃO FOI RASGADO NA FORÇA O CHÃO QUE ALGUÉM VEIO E TOMOU

O CHÃO SE FIRMOU NA VERGONHA, PEDRA BRANCA QUE CORTADA SANGROU

MAS A HISTÓRIA NEM TUDO CONTOU E O PIONEIRO NÃO SE MOSTROU

TROPEIRO, MASCATE E VAQUEIRO CONTA QUE FAZENDEIRO NUNCA PAGOU

NO TOQUE DA TROPA DE CARGA, FAZENDO O CAFÉ NO BATENTE PESADO

COLHENDO O LEITE CEDO NOS CURRAIS

TANGENDO, ABOIANDO E APARTANDO O GADO

GENTE VALENTE DE CHÃO SEM FRONTEIRAS

CONQUISTANDO SERRAS E MATAGAIS

CONSTRUINDO E ERGUENDO SEUS SONHOS

DOCES SONHOS

FRUTOS QUE SOMOS NÓS