O REPLICAR DA POESIA I

"Eugénio de Andrade & Frassino Machado"

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A UMA CEREJEIRA EM FLOR – Eugénio de Andrade

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Acordar, ser na manhã de abril

A brancura desta cerejeira;

Arder das folhas à raiz,

Dar versos ou florir desta maneira.

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Abrir os braços, acolher nos ramos

O vento, a luz, ou o quer que seja;

Sentir o tempo, fibra a fibra,

A tecer o coração de uma cereja.

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Eugénio de Andrade

In AS MÃOS E OS FRUTOS

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A UMA NESPEREIRA FLORIDA – Frassino Machado

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Fruir, sendo em manhã de maio,

Veludada flor de nespereira;

Tactear das folhas, qual desmaio

No delirante fruto, ali à beira.

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Afagar nas mãos, colhendo um cacho

À brisa, ao acalento bem notório;

Saborear na clepsidra o despacho

Do doirado e doce magnório.

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Isto sim, qual fruta que se veja

No florido jardim do Paraíso;

Vai-se o magnório, venha a cereja,

Não importa que se perca o siso…

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Assim, “a uma cerejeira em flor”

Em plenitude recolhida

Ergue-se na beleza e no primor

Aquela «nespereira florida»!

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Frassino Machado

In INSTÂNCIAS DE MIM