Desvairados
Tão mudo e grande ao horror absurdo
Um pecado sublime exposto ao mundo
Adão ao fechar a porta do Éden,
Chama Eva hesitada e tremula em susto.
Diz á ela para se achegar e entrar
Num calor de amor tão profundo
Pedindo que preme em teu peito,o teu seio agitado
Pela carne transformava tudo em pecado.
Atrocedeu-se o crime, em puro desgosto
Sugando dela cada lágrima do rosto.
E assim se faz tormente em cólera de dor
Suplimindo a aliança do criador.
E nesta cólera gigantesca de Allah,
Envergam-se arvores, ruge o pomar,
Vulcões arrebentam a terra,estrelas sentem calafrios,
E encrespa as aguas dos rios.
Aparecem lobos, ruivos silencio na floresta
O ar sombrio e as nuvens alertam espiritos.
O fim dos disturbios, vou subir os montes
Os navios e o escaler, aos ombros de ossos poder
Ainda á pouco surgiu a estrela
Plata da lua e noite sorrateira
Ruge soturno o mar, turva-se hediondo o céu
Mordem seus corpos canibais presos na teia
Solta -se a cortina, desata-se um véu.
Vejo-te sangrar das urzes perfumadas
Das vestes arrancadas, do vinho na taça.
A vida com teu carinho, o amor com teu pecado
As luzes do caminho, do pobre atormentado.
De que valhe-me Deus se meu rancor
cobra-te as dores e o sabor
E agora preso e acorrentado, vivo ao mundo desvairado,
Como louco varrido, em versos exprimido
Dizem que a terra é melhor que o céu
De um poema simples, vulgar e bandido.
Talvez um ato exigido, revelado aos olhos teus
De fato um mundo corrupto e fingido
Onde o homem se acha maior do que Deus.