Mulher Acima dos Quarenta
Desconfiada até o osso
Roído, que faz de amuleto
Tem seu próprio submarino
Que anda na superfície, e nas profundezas
Amuleta sobre a razão
Anciã conselheira
Que a absolve, e a condena
Após as circunstâncias em que não se defendeu
Tem suas medalhas
Para lembrá-la do quão arriscado
É firmar-se nas vitórias
Vaidades efêmeras
Quando só, é para uso do tempo
Preparo para a autoconservação
Fortalecer-se para os dias que virão
Caso acorde pela manhã
E não tiver, quiçá
Quem sabe, porventura
Doravante
O quê
O afeto, os braços
O aconchego
O bem querer
Arrume outro rumo
Mal me quer
Bem me quer
Sino que tine
E não escuta
Tem o amanhã
Chegará o amanhã
De manhã
Não terá manha
Jeitosa, lavou o resto da louça
Colocou o lixo fora
Desligou o leptop
Apagou a luz, e foi dormir
A cama é redonda
O abajur ligado, refletindo as horas no relógio
O pijama de cetim, usado pela segunda vez
O bem dormia