Reportagem
A Alma expressa-se silente
No espaço exíguo do papel
E desmente o ser revel
Depõe exibe-se presente.
Imprime o vero sentimento
No sangue azul de uma caneta
A afetação legal rejeita
Em seu vital depoimento.
Confirma que foi sentinela
E vigiou o tempo inteiro
Em um desejo costumeiro
À luz visível da janela.
Notou o trânsito e a pressa
Das pernas ávidas de vida
Na confusão normal, a lida
Em cumprimento de promessa.
A liberdade em paz com o ensejo
Deferiu-lhe a ocasião
Que foi bonita a sua visão
Contra a maçã do rosto um beijo.
A trança que perdeu o laço
Se transformou em cabeleira
Na rua plena na ladeira
O corpo uniu-se a outro abraço.