Silêncio e Escuridão
Ao cego que não pode ver
A forma das coisas em seu redor;
A beleza doce duma linda flor;
A Geometria divina das coisas naturais
A Natureza florida...praias, rios, mangais;
As paisagens... savanas e prados;
A abundância dos campos lavrados;
A verdade no rosto de quem mente;
A mentira embrulhada num presente...
...ao cego que não pode ver...
Tudo lhe-é treva...espessa escuridão.
Ao surdo que não pode ouvir
O som intenso e estridente dum trovão;
A melodia cativante duma linda canção;
O grito de dor aflita duma mãe que chora;
O choro de um homem que, ajoelhado, implora;
O rugido duma fera furiosa em arrelia;
A promessa expressa, mais linda que poesia...
...ao surdo que não pode ouvir...
Tudo lhe-é silêncio...eterno silêncio.
Quantos de nós, no decorrer dos dias,
De olhos vivos, acesos, e ardentes,
Somos cegos ao amor que nos rodeia?
Quantos de nós, nas nossas utopias,
De ouvidos vivos, abertos e presentes
Somos surdos às vozes em apneia?
― Muitos! Muitos!
Octaviano Joba