O POEMA NOSSO DE CADA DIA

 

 

Verso é o que escorre da rosa quando a palma,

Mais que o suco da alma, espreme os espinhos...

Dor e perfume para inalarmos a calma e o gume

A palavra que brota de todo nosso estrume..

 

Pois do poema pisado, inalamos o olor , a murta.

 

A dor do parir é ínfima ante a alegria do filho ao braço

Palavras que nascem vivas, na madrugada fria

Burlando a dura agonia de saber-se poeta.

 

Dor não vem sombria,

antes dá-se ensolarada

 

O poeta é pombo-correio na enseada

No bico, mais do que lia,

traz a palavra de paz à guerra,

sua namorada.

 

Sua dúvida vem do mar

qual grave armada

contra a gente tão pouco amada

entregue sem mesmo lutar.

 

Porque o poema escorre pelos dedos

 

Mancha a blusa branca... Tintura de amora

Que hora beija a boca acaricia a alma

Outras vezes toca na ferida, abre os pontos

Expõe dores antigas, ou mesmo, futuras...

 

Mas do poema pisado, extraímos o canto, a alegria

... Maná nosso de cada dia!

 

Elisa Salles e Fernando Martins Lara
Enviado por Elisa Salles em 12/03/2022
Código do texto: T7471086
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