A MONTANHA
Tem uma montanha bem perto de mim,
Na minha frente ela me mostra
Quanto eu sou pequeno.
E, ao mesmo tempo, ela mostra
Quão bela é sua presença.
Lá em cima explodem cores como uma aquarela,
Na florada de seus ipês,
Flores brancas, roxas e amarelas.
Em meio ao verde exuberante de outras espécies.
Como me encanta essa divina pintura da natureza!
Também lhe consome o fogo,
O que me deixa entristecido.
Como o homem é burro!
Destrói tudo por onde passa,
Faz da beleza das cores
O luto cinza, por dinheiro e com trapaça.
De onde a vejo a cidade lhe sufoca,
Tira de mim aos poucos a obra prima natural.
Mas é sempre assim, o interesse comercial,
A cidade precisa de ganhar dinheiro e “evoluir”,
Mas os bichos e as matas têm que se virar,
Sempre foi deles aquele lugar, mas não podem resistir.
Quando o sol se põe, bem atrás da montanha,
Faz um espetáculo de grandeza,
O maior show da nossa terra,
Que está sendo destruída
Por dinheiro e cobiça.
Aquela montanha me diz todo dia
“Me salve, me ajude, eu preciso viver!”
Mas tem gente muito mais forte,
Que não entende esse sofrer,
E nem quer ouvir o clamor triste de morte
Da natureza, que só quer sobreviver.
Todo dia eu olho para ela
E sei que ela olha para mim,
Eu torço por ela com toda minha força,
E sei que ela está ali, fazendo sua parte bem do seu jeitinho,
Purificando o ar para eu respirar,
Mineiramente, de mansinho.
Com sua beleza natural e sua grandeza,
Uma linda montanha de Minas,
Que um dia encantou o imperador
Ganhando seu nome imortal.
De forma altiva e bondosa, o Senhor,
Lá no topo da capela onde, em seus degraus,
Os visitantes se ajoelham.
Protege e guarda a cidade,
Olha por cada um de nós aqui embaixo
E nos pede com autoridade:
“Cuide do Morro do Imperador,
O famoso Morro do Cristo,
Pois daqui cuido de vocês
Para vocês cuidarem disso”.