Quem sou, quem fui, quem serei
Quem sou, quem fui, quem serei
Fui primeiro, fui últi mo, fui produto do meio.
Continuo na fila, não sei que posição larguei.
Escroto, medonho, covarde.
O sonho, o anseio, vibra, dói, arde.
Hoje é cedo, ontem escreveu, amanhã pode ser ou não ser tarde.
Fui preconceito, também tratado desse jeito.
Menosprezei, desfiz, fui menosprezado, quebrado nariz.
Malandro, relapso, vagabundo.
Também um sentimento de pai, profundo.
Insensato, inseguro, agredi meu caráter.
Paguei caro, um jogo milionário.
Achei que poderia fazer, organizar, da familia fazer diferença.
Não sabia, da estripulia, a história, geração e memória, um preço pagaria.
Fui crime, fui fraqueza, fui a natureza ordinária.
Talvez não conhecia desse tribunal, impiedosa avareza, que se vale da fraqueza, profundamente, esmaga a gente na medida binária.
Fui torto, fui direito.
Olhei pra trás, pra frente, mundo Brasil perfeito.
Eu cordeiro manco, manchado, jamais aceitado, por este mundo de efeito.
Enfim, assim, se a colheita está plantada em mim.
Amigo, este mundo perfeito, sacie e boa sorte, vida sim.
Hoje, do começo, meio e fim.
43 anos morrendo.
A esperança nascendo.
Tanta ambição.
Frustração.
Não vou ser ingrato.
Um dia, também e exaltação.
Amanhã não sei.
Ontem um livro que não desvendei.
Hoje o contentamento, uma no grau, uma bolacha água e sal, nada mais sei.
Giovane Silva Santos