COURAÇAS EXISTENCIAIS

Saudade de ser criança

Eis aí a esperança de um velho

Mais eis que a saudade lhe avança

E é quando a borboleta vira um escaravelho...

Amei tantas flores e terminei sozinho

Com orgulho me fiz amar de novo no vinho

Olhando-me esta carcaça no espelho

Vi que os olhos não envelhecem mesmo vermelho...

Pelo contrário como frutas amadurecem

Pelo tempo...se edulcoram de saudade

Cada aroma é sentido sem um sentido

Cada hora é morrendo sem estar morto

E em definitivo só o amor está vivo...

E nele estou vivendo me crivando neste raso açude

Como os lobos solitários que seguem uivando

Para uma lua testemunhando a sua existência

Como ele a valoriza mesmo em sua solitude...

Assim vou levando minha vida

Cada sílaba vivida uma frase

Em cada fase uma eternidade sofrida

Tudo se comprime no peito que se abre

Qual o elefante que é abatido pelo cortante sabre

Assim lhe tomam de abate

O massacre algoz para lhe roubarem o marfim

Assim é a vida quando nada mais lhe resta

Tudo lhe tiram só não lhe negam mesmo é seu fim

Com tudo pago por si com o que de resto lhe sobrou...

Vermes esses são os nossos financiadores e

Os nossos credores finais...

Todos são pacientes

Dos pacientes terminais....

Tantos prantos e haveres

E estes pequenos seres

Realizam seu trabalho

Pelo simples prazer

De se refestelarem em nós frugalmente

Até desaparecermos da terra dos viventes

Somos o lixo reciclado

Da qual eles sobrevivem...do nosso exsudo

Ao pó voltamos nos intestinos da mãe terra

E seremos pisados até voltarmos num pé de alface

Ou quiçá ruminados em adubo...Do qual todos

Viemos a pertencer...

Todos seremos pisados sem uma reta a seguir

Pelo que a terra haverá de comer

Sem dieta sucinta em seu gordurento despautério

Somos o seu cardápio

Daquilo que restamos ser...Uma pinta no jazigo do cemitério

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 01/04/2021
Código do texto: T7220904
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