COM O CADERNO NA MÃO
Com o caderno na mão,
Vou escrevendo o que sinto;
A pena que vejo dentro de mim,
Na tela onde eu me pinto,
E revejo o meu sentir em vão,
Nas ondas do meu cabelo,
Onde uma ave me pousa.
Ao nascer da madrugada
Eu tive um pesadelo
Que fui atropelado na estrada,
Na escola com a lousa
uma criança escreve
Pela hora consagrada,~
O tempo também nos embeve.
E o mar bravo está nervoso,~
Porque a vida é muito ruim,
E este universo é tão teimoso,
Enquanto um homem co'Enxada
Nos ombros e nas mãos,~
Vai cavando a terra
Cheios de calos. E os irmãos
Foram pra Inglaterra
Soam os sinos duma IGREJA
E ás vezes o Mundo se atreve!
LUÍS COSTA
AMADORA,2002/02/21