SEGUE O ÔNIBUS
O ônibus não chega em lugar nenhum
Lá fora os discos voadores margeiam
A luz denuncia o despertar
O espelho do açude reflete o céu de cabeça pra baixo
Onde estou, no que me encaixo
Dentro do ônibus o banheiro cheio
Cheio do cheiro
Engarrafamento
Um zumbi, um tormento
Alguém bate na porta apressado
Ninguém vê o vizinho ao lado
Não se escuta da sabiá o cantar
Mulheres pleteiam
Os espaço
Ocupados por vunduns
Segue a estrada
A névoa cobre a serra
Ao longe o cinza azulado se encerra
Na nascente o morango preserva
O amanhecer
Bicicletas transitam ao léu
Uma beata madruga com seu véu
Segue o ônibus ao nada
Procurando o primeiro posto na estrada
Dentro zumbis travam
Assim como o tempo
Os tormentos
E o óbvio cravam
Os lado do vento
Segue o ônibus perdido
Sem rumo, esquecido.
SEGUE O ÔNIBUS
FRED COELHO 07/02/20 sab 7:45 estrada de natal