POVO DERRADEIRO
De noite dormindo
O capitalismo o mundo vai gerindo
O capital ávido consumindo
O salário-mínimo
Os sonhos limpando a bunda
Em suma
Enquanto um ganha
Com os juros
O outro arreganha
O salário dos apuros
São juros sobre capital
Transformados em emprego
Empregos do faz de conta
Da elite dominante
Que o mundo a todo instante
Do nada se faz riqueza
Enquanto a fome do salario
É injustamente o trabalho
Acumulador de pobresa
Mas na hora do imposto
Sobre o gás de cozinha
A divisão adivinha
É igual pra todo mundo
Como colcha de retalhos
Não se distingue, sedã e mulambo
Nem se sabe o atalho
Do tamanho do escambo
Do preço do feijão
É da passagem de avião
Quando muitos se esforçam
Trabalhando noite e dia
Para sustentar suas crias
Dormindo a burguesia
Vê o seu capital aumentando
E não da conta que lá fora
Os trabalhadores vão passando
Sujeito às manobras
Migalhas e esmolas
Do bolo do produto
Que o especulador oculto
Ávido acumula
No lombo do povo mula
Que permanece apático
Com seus direitos capados
É a sua voz calada
Da sua vida usurpada
Na fria conta bancária
Dos juros prosperando
Do sistema inteligente
E o fumo vai entrando
Contra a massa otaria
Um por cento fica com tudo
Noventa e nove ocultos
Viva a nação brasileira
Viva o povo brasileiro
Viva a rasteira
Do poder faceiro
Viva o povo derradeiro
POVO DERRADEIRO
FRED COELHO 13/01/20 seg 19:55