A MURALHA É O MEU POVO

As cass, os rios, os mares,o sol, a lua,

andam nos castelos dos montes.

Atravessam os atalhos, as florestas e os regatos,

Na muralha é o meu Povo,

dançam e se abraçam como doidas,

As fumadas, as passadas, as certezas,

Do infinito da tela real.

Atravesso o sol, a lua, os rios e os mares,

Encontro os barcos, os remos, o norte,

Sonho com a certeza de viver,

Pedalando, viajando acostumado,

De vencer, de me libertar,

E indo pelas núvens, pelos ares,

abrir as portas á Clépsidra. (1)

Me revolto de me acostumar,

Pelo Mundo mais além,

que os outros não chegam a encontrar.

As ruas, os rios, os mares, o sol, a lua,

beijam-se na constelação da vida,

de alegria de viver, é uma altura forte.

Pintando, observo, conserto e crio,

um dia, uma madrugada, uma alm vazia,

um corpo frio.

As árvores, as flores, os ramos, as fontes,

São o sangue derramado.

O sol, a lua, as ruas, e os mares,

São o suor do Trabalhador.

As fontes, as casas, as fábricas,

criadas pelas mãos de calos.

As vinhas, as videiras, as uvas,

De quem trabalha são.

Os martelos, as bigornas, as alfaias,

São dos operários.

As mesas, as portas, as janelas,

foram feitas pelos capitalistas.

Os livros, os lápis, as canetas,

foram feitas de muitas maneiras,

Mas de sangue vermelho.

LUÍS COSTA

(1) - Clépsidra, quer dizer: relógio de água usado na Antiga Grécia para marcar o tempo aos oradores, mas neste caso no poema está em sentido figurado e em linguagem literária e figura (Conoitativa), ou em linguagem de Retórica, quer dizer abrir as portas ao Futuro, o livro de Pessanha, é como o Futuro para mim.

TÓLU
Enviado por TÓLU em 04/01/2020
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