DIA DOS MORTOS

Hoje é dia de finados eu não sei o que fazer

Não sei se pra encontrar contigo eu tenho que morrer

Ou quem sabe eu bata na porta do céu

E que tu possas me atender...

Saudade é que nem cemitério

A gente te puxa daqui

Vai vela e oração

Quem sabe você me puxa de lá

Da sua constelação...

Dia dos mortos

Dia da vida

Os dias são mesmos tortos

Tantos já se foram

Restam-nos as cascas das feridas...

Um breve piscar de olhos

E tudo se perde

Olha a borboleta

Que vira flor

E depois de uma semana um pouco mais

Volta novamente a ser adubo

E no casulo não mora mais ninguém...

Que evolução

Que ovulação

Saudades parturientes

Somos da morte apenas seus clientes...

Cemitério é um templo de ossos

Nada ali vive alem das flores

Nada se dissolve além das lagrimas

Que se metamorfoseiam em dores

A saudade é um céu a descoberto

Quando pensamos que os que amamos

Não foi em vão, pensando que estão longe

Tão mais perto estão quase ao alcance de nossas mãos...

Todos somos passageiros desta agonia

A que chamamos vida, Halito

Enfim ignoramos por completo o trem da partida

E um puxa daqui e outro puxa de lá

Morrem e nascem

Que loucura é essa

Enquanto tantos esquecem

Outros tem motivos pra lembrar

Não sabemos porque temos que morrer

E sequer porque temos de nascer

Deus é quem sabe de nós

Porque estes nós

Só ele desfaz...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 02/11/2019
Código do texto: T6785170
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