DIA DOS MORTOS
Hoje é dia de finados eu não sei o que fazer
Não sei se pra encontrar contigo eu tenho que morrer
Ou quem sabe eu bata na porta do céu
E que tu possas me atender...
Saudade é que nem cemitério
A gente te puxa daqui
Vai vela e oração
Quem sabe você me puxa de lá
Da sua constelação...
Dia dos mortos
Dia da vida
Os dias são mesmos tortos
Tantos já se foram
Restam-nos as cascas das feridas...
Um breve piscar de olhos
E tudo se perde
Olha a borboleta
Que vira flor
E depois de uma semana um pouco mais
Volta novamente a ser adubo
E no casulo não mora mais ninguém...
Que evolução
Que ovulação
Saudades parturientes
Somos da morte apenas seus clientes...
Cemitério é um templo de ossos
Nada ali vive alem das flores
Nada se dissolve além das lagrimas
Que se metamorfoseiam em dores
A saudade é um céu a descoberto
Quando pensamos que os que amamos
Não foi em vão, pensando que estão longe
Tão mais perto estão quase ao alcance de nossas mãos...
Todos somos passageiros desta agonia
A que chamamos vida, Halito
Enfim ignoramos por completo o trem da partida
E um puxa daqui e outro puxa de lá
Morrem e nascem
Que loucura é essa
Enquanto tantos esquecem
Outros tem motivos pra lembrar
Não sabemos porque temos que morrer
E sequer porque temos de nascer
Deus é quem sabe de nós
Porque estes nós
Só ele desfaz...