ESCURIDÃO

De manhã reclama do decote

Mini saia e biquíni

Aula de sexo não pode

Tradição é sua sina

Homem de comunidade

Coorporativo e leal

A casa e segurança

Com trabalho se alcança

Não existe nada igual

A arte é vagabunda

Teatro, circo e dança

Meninos jogando bola

Meninas com suas tranças

Sapato, butina e sola

Apito, chapéu e peteca

A sociedade é seu mundo

Tradição, família e propriedade

A noite ataca a menina

Negra que serve na casa

Estrupa e atrasa

A vida repentina

Da jovem arrumadeira

Que deixa a deradeira

Tentativa de ser feliz

E obedecer o patrão

Cuidando da sua satisfação

Animalesca

De manhã vai a missa

Pagar os seus pecados

Na oferta petisca

O padre cortejada

Apontando o dedo ao lado

Esse é um pai de família

Que tem uma bela filha

Uma donzela expoente

Uma mulher bela

E um filho valente

No canto da cozinha ela chora

A pobre menina estrupada

Muda, sega e calada

A Deus suplica e implora

O dia de ir embora

Voltar para o seu sertão

Onde nasceu gente

Saiu de lá valente

E se tornou servidão

Nasceu no brilho da casa

E foi morar na escuridão.

ESCURIDÃO

FRED COELHO 2019

Fred Coelho
Enviado por Fred Coelho em 20/10/2019
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