A CULTURA DO TACHO
Rodei no hemisfério das retas
E entre mapas e poetas
Deslizei nas letras
Como um bezerro mamando nas tetas
E o leite do conhecimento jorrou
Abundantemente
E o que das coordenadas ficou
Fiapos de vidas somente
Desci dos esquadros
Olhei para o lado
Não vi a licitação
Esqueci o endereço
Da esquina da estação
Qual será o meu preço?
Uma barra de ouro me barra
Como uma barragem ao rio
E a lama do depósito
Do capital do cio
Alguém me pergunta quem sou?
Qual o caminho que sigo
Com certeza estou
Hoje vivendo comigo
E desço mais ainda
Chego ao pico do nada
E lá transborda
A cultura do tacho na borda
Vejo as telas
A música, a arte
O passado
Dom Quixote ao meu lado
E o que me faz parte
O perfume que sai dela
Quero ela
O saber
O fato
O conhecer
O acontecer
Quero papo
De botequim
Se sou esse trapo
Pena, gosto de ser assim
Essa não é o retrato
Que observo de mim.
CULTURA DO TACHO
Fred coelho 2019