MAIS "OS"

Este poema é um segundo exemplar de “OS”, aqui publicado em 21.04.2009 (queira comparar). A proposta é a mesma: o uso exclusivo de uma vogal, O, sendo permitidas todas as consoantes, sílabas mudas, sinais gráficos, etc. Este contém três estrofes de nove versos, sem rimas obrigatórias (elas podem ocorrer, inclusive internamente ao verso), métrica ou ritmo.

MAIS “OS”

Como ortodontólogo, comovo:

Como os ovos chocos do corvo.

Coopto os mortos do cômodo,

Tortos, roxos, rotos, sonsos, sós,

Postos nos broncos ombros do povo.

Pródromos morbosos, somos bons:

Lobos, pombos, zorros, potros,

Porcos, mochos, polvos octópodos

Nos longos portos do polo oposto.

Oh, tronos gostosos, gozosos, postos

Dos nossos donos com óbolo doloso,

No tomo nono do monótono conto.

Morno torpor no tronco oco, sono, dor.

Concordo com os hortos frondosos,

Com os brotos do colosso mogno;

Com o sopro dos coros dos monos,

Com o pôr do sol, com o pó dos ossos,

Com o compor sonoro do dó-dó-sol.

Fomos como moços: oh, flor, oh, gosto!

Conosco soltos, socorro! Morro tosco,

Volto, torço o dorso, o lombo, o torso.

Pomposo como robô, sonho o proposto.

Como locomovo o corpo, soo bondoso.

Convoco os monstros, confronto o todo,

Voo moroso: horror no horóscopo, fogo!

Colombo, colho consolos do comodoro;

Protocolo do pronto, choro, logo posso.

12.05.2019