Poeme-se de um jeito...
Poeme-se do reflexo dum gesto de coragem ou
De um beijo roubado com um tímido pedido escrito.
Da beleza de um olhar puro.
Da luz da aurora, do frescor do crepúsculo ou, melhor, da aurora ao crepúsculo.
Poeme-se do fogo que tanto alimenta como queima ou
Da marca d'alma serena.
Do sagrado, do mistério, do Todo e desse afeto.
Do erro que educa o acerto, do concreto.
Poeme-se do sorriso de um desconhecido ou do carinho amigo.
Da sorte do gozo, do lodo, do outro.
Da beleza, da natureza, da arte ou mesmo de toda incerteza.
Da fé, da esperança como quando criança.
Poeme-se de um banho gelado que lava todo suor do dedicado trabalho ou
Do brilho de um fim da tarde que traz de volta a saudade.
Da gratidão de um dia vencido ou mesmo do amor não correspondido,
tal qual aquele que faz de um coração partido espaço criativo.
Do momento derradeiro, da intenção da palavra ou pelo silêncio do segredo contido.
Poeme-se de todo jeito, mas de tal jeito que ti tornes um verso do poema eterno.