DIVAGÂNCIAS MINHAS
Não há dia que passe que eu não ande por aí
Divagando de rua em rua, de vida em vida,
Em busca das palavras qu´ inda não descobri
Para que a minha poesia fique enriquecida…
São elas, hora a hora, a minha companhia
São elas, todas elas, os meus instrumentos
Ao ritmo de arpejos e de justa harmonia
Saída desta lira e dos árduos talentos.
Meus talentos são laivos de minhas emoções,
Sempre humildes e sempre ao leme dos sentidos,
Às vezes sonhadores rodeados de ilusões,
Ou quixotescos - trilhos loucos pervertidos…
De rua em rua, de vida em vida, longe ou perto
Procuro em cada rosto, feito riso ou grito,
Um horizonte, um oásis, ou um deserto
Qualquer razão de ser para um poema escrito.
Sentindo o grande Lorde, como timoneiro
À sombra da bandeira de um fiel combate,
Quero, como ele o fez, tornar-me mensageiro
Partilhando a sua lira de engenho e arte.
Na rua por onde vou há muitas armadilhas,
E ali nem sempre há luz, nem sempre claridade,
E há cirandeiros propagando maravilhas
Fingindo-se de poetas de rara qualidade…
Odeio discutir os poemas e as poesias,
A não ser as saídas desta minha mão,
Metamorfoseadas em meras fantasias
Quando tocadas pelo vento da emoção.
Odeio transformar partilhas em lições
Que a Poesia, sim, é que tem esse condão
E essa luz que ilumina as falsas presunções
Clarificando aos poetas a sua vocação.
Adoro arar a terra, ainda que selvagem,
E louvo quem o faça com frontalidade,
Adoro semear meu grão, minha dosagem,
E moldar cada verso sem ambiguidade.
Exulto quando colho em cada circunstância
Um fruto saboroso com alma de poema.
É esta a minha postura e minha divagância
Enquanto poeta que sou, sem estratagema!
Frassino Machado
In AS MINHAS ANDANÇAS