AÇOITES
Na calada noite
Vem os açoites
Dos encontros na senzala
Não tem agenda
Não tem nome
Nem quem prenda
O que some
Surgem malas
Que malas carregam
Cheias de desgraças
Geradas nas salas
Do inferno Jaburu
Rateados pelos vermes
Deixando pro povo o que se serve
Chacais e urubus
Tiram das crianças
Dos velhos e dos jovens
A última esperança
De uma vida digna
Joias então são adquiridas
Ferraris pros laranjas
O que sobra pro povo, são os ossos da canja
Chapados e sorridentes
A dança dos guardanapos
Celebram a nação podre e sem dentes
De um lado 12 anos
Do outro um suco do podre cano
Pra eles uma taça de Chandon
Para nós a ralé um dindim
O colarinho do velho sujo de batom
Da primeira manequim
Sobrando pro Zé das baleias
Do beco tupiniquim
O beijo travestido
Com gosto de jasmim
E o que restou da ceia
Só um gole no botequim.