OS TECLADOS DA ALMA
São seis os teclados que tenho na alma
Que fazem de mim engenhoso instrumento
E quero com eles em cada momento
Viver minha vida co´ a máxima calma.
Primeiro, a visão que me dá o universo
À volta de mim e do meu horizonte
Escorrem bem claras na água da fonte
As lágrimas soltas mudadas em verso.
Em segundo, a pena que tenho nos dedos
Dão letras semeadas no branco papel
Em traços torneados com parco cinzel
Criando ao de leve insuspeitos segredos.
Em terceiro, o aroma de escorreito suor
Das livres palavras escravas de mim
Num lauto banquete de odor carmesim
Revelam discurso de acrescido teor.
Em quarto há-de estar o meu bom paladar
Pelo gosto constante tornado presente,
Tempero ideal numa aurora latente
Lembrando um fermento sempre a levedar.
Em quinto, se abre em plateia a ouvir
Feliz partitura de integral melodia…
Cá estão os teclados da alma, harmonia
De um belo concerto que importa seguir.
Em sexto porém, não podendo faltar
Naquela emoção de energia a crescer,
É a força maior que haverá de nascer
No fundo da alma de cada pensar.
O meu instrumento tem teclas de luz
Meu corpo é o palco que conduzo feliz
Na arte poética que não contradiz
A vida perene que em poema compus.
Eu sempre sonhei ter inatos talentos
Na arte da música a quem tenho amor
Lamento não ter o talento e o valor
Que à vida me dê saborosos proventos.
Ó deuses, ó musas, que dais assistência
Aos pobres poetas e aos trovadores,
Eu creio em vós e nos vossos favores
Trazei ao meu estro maior consistência!
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA