OS TECLADOS DA ALMA

São seis os teclados que tenho na alma

Que fazem de mim engenhoso instrumento

E quero com eles em cada momento

Viver minha vida co´ a máxima calma.

Primeiro, a visão que me dá o universo

À volta de mim e do meu horizonte

Escorrem bem claras na água da fonte

As lágrimas soltas mudadas em verso.

Em segundo, a pena que tenho nos dedos

Dão letras semeadas no branco papel

Em traços torneados com parco cinzel

Criando ao de leve insuspeitos segredos.

Em terceiro, o aroma de escorreito suor

Das livres palavras escravas de mim

Num lauto banquete de odor carmesim

Revelam discurso de acrescido teor.

Em quarto há-de estar o meu bom paladar

Pelo gosto constante tornado presente,

Tempero ideal numa aurora latente

Lembrando um fermento sempre a levedar.

Em quinto, se abre em plateia a ouvir

Feliz partitura de integral melodia…

Cá estão os teclados da alma, harmonia

De um belo concerto que importa seguir.

Em sexto porém, não podendo faltar

Naquela emoção de energia a crescer,

É a força maior que haverá de nascer

No fundo da alma de cada pensar.

O meu instrumento tem teclas de luz

Meu corpo é o palco que conduzo feliz

Na arte poética que não contradiz

A vida perene que em poema compus.

Eu sempre sonhei ter inatos talentos

Na arte da música a quem tenho amor

Lamento não ter o talento e o valor

Que à vida me dê saborosos proventos.

Ó deuses, ó musas, que dais assistência

Aos pobres poetas e aos trovadores,

Eu creio em vós e nos vossos favores

Trazei ao meu estro maior consistência!

Frassino Machado

In ODISSEIA DA ALMA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 18/02/2018
Reeditado em 18/02/2018
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