Poema da espera
Aqui estou de novo a esperar, a desejar, a recordar, a pensar, a querer amar. Contraste da dor, não rimou, não inflamou, não sou não senhor.
Parado o tempo, lentas pessoas caminham e se vão, passam de novo, caminha o povo, razão de existir, ligeira viagem, demora sem fim.
Manhã de trabalho, trabalho acordar, o medo do nada, de todas pessoas, do falar sem fim. Policial chuta a cara do "negro", que grita: "me chamou de preto". Criminoso esperneia, "racista de merda". Os cana me chutando pelo crime que fiz? Ou pela cor da pele que tenho?
Sou levado preso, choro de dor, doi minha alma não sou negro de cor. Mas vi esse jovem de pele escura apanhar sem rancor.
Racismo velado, revelado na cor. Alguns teóricos dizem não há racismo, mas preconceito de cor.
Eu vi outro caso um rapaz que roubado, que tentou enforcar o adolescente por um celular. Na noite escura na areia pura, na traição sem cessar, um golpe de faca, desferido sem bala, um sangue a jorrar.
A vitima caida, o jovem sem saída sociedade sem lar. Cenas macabras, mundo cão, que solidão não sem nem o que falar.
Todos os dias sofremos calados, esperamos amargos, medrosos e sem lar.
Virtude nenhuma, amor sem ternura, um bicho a chorar, não posso prever o que vai acontecer de um gatinho sem ar.
Passo, repasso, me desgasto e permaneço a esperar. Esperar que se pare se pense e se aja, se fale, se tenha uma vida a amar.