ENCONTRO FAMILIAR
Alguns encontros casuais
Família reunida embalada por churrascos e cervejas geladas
Palavras molhadas, musicas variadas alforriando o sillencio
Depois do encontro furtivo e das palavras aradas
Muitas falsidades grotescas e existenciais...
Faz parte da tribo e das reminiscencias humanas
A passagem do tempo primaveras, outonos, geadas
Logo tudo fica na lembrança
Uns logo nascem
Outros tantos morrem nesta dança...
Nesta música macabra que é a vida
A reunião familiar é a democracia do bem viver
É o ser e o estar em comunhão de igualdade
É um exercício que deveria ser exercido com mais frequência
Com mais urgência com mais devoção, com mais lida
Já que a terra não devolve os perdidos na batalha da vida...
Gorjeios e palavras voando no céu do pensamento
O esquecimento qual mato vai crescendo e fermentando
E tudo vai passando enchendo,vazando, sumindo
Rostos e pergaminhos, beijos, abraços... Fermentam
E tudo vai desparecendo na curva efêmera do perdigoto
A vista já parece turva
As luzes vão se apagando
E pouco resta na fresta da memória-esgoto
As histórias vão-se contando e ficando pra trás
Receitas trocadas, As doenças novas, as traças velhas
O burburinho dos mais novos num canto a galera se agita
Jantando e se juntando perto da grelha esfumaçada
O mais sábio o que mais ouve o que mais grita
As finanças que pra uns faltam
Pra outros excede...a curva do báculo, a retorta...
E a vida vai passando enlatada já que a sardinha está morta
A lista do supermercado sempre imensamente pequena
O que precisa ser vendido o que precisa ser comprado
O lixo que se acumula na porta
A poeira do dia a dia e o dedo da existência
O entupimento da aorta
Como que contando nossos dias de conveniência
As redes sociais soro dependentes
Alimentando-nos e matando como açúcares e sais...
No fundo se reúnem para saber uns da vida dos outros
E pra ter certeza de que fizeram as escolhas certas
De suas conveniências e suas tétricas manias com o par ideal
Ou pelo menos que não reclame de suas loucuras apopléticas
Já que as loucuras de seu par ideal são piores que as suas
Cada um exerce seu papel de vítima, de doente, carente...
Do forte até ao mais frágil parasita...
Mais tudo não passa mesmo é de um teatro
O telefone nas mãos em vibrato
Tão mais íntimos que as palavras triviais na orelha
São centelhas de palavras embargadas postadas entre goles sovados
As operadoras são médicas que só operam com crédito imediato...
Assim a vida vai passando entre garranchos e erros
Uns mais loucos que os outros em suas vilanias
E se reúnem sempre para ter certeza de que nada
Sairá errado nas suas idiossincrásicas convenções
Vento e ventania me levem pra qualquer canto, hipocrisia
E quando morremos não é o sacramento que importa
Mais quanto custa o orçamento do enterro...
O Status-quo é quem abre celas e portas
O materialismo é quem manda e suas aberrações
Deus é o consumo dos homens
O Pontífice das novas gerações...
Viver sem dinheiro hoje em dia
É como mulher sem estria
Letra sem poesia que não se queda
Valor sem liberdade condicional
Somos todos prisioneiros de uma moeda...
Que manda em tudo até o fim deste ponto final.