O silêncio. (Para Oswaldo Lenine Macedo Pimentel, Jaboatão 14.08.1993)
É do calar das bocas,
do silenciar das palmas,
da ausência da fala
o sumiço do som
É da mudez do riso
do espanto impreciso
daquele que falava
É a sombra infinita do som
o hibernar da noite que dorme silente,
o calar do galo
a inexistência da zoada.
É a boca muda,
é o mundo submerso
é a imensidão do vasto
Antes de gritar que a terra era azul!
quando tudo era sem som,
foi quando o mundo nasceu.
É o oco do mundo,
e mundo oco
o instante do pensamento,
a pausa do retrato,
gato silente sobre a cristaleira
É o choro calado
O relógio parado,
o sorriso abafado
e o gosto amargo do ausente.
Tudo é o silêncio,
Tudo.
A morte que não fala
A boca que se cala
As almas buscando se enxergarem.
Ante o esmaecer do som ...
Taciano Minervino (27.10.2011, Revisado 13.11.2017)