MINHA POESIA
Minha poesia
Não se cria
Nos bancos académicos
Minha poesia
Procria
No cotidiano sistêmico
Minha poesia
Não fala de amor
Nem de alegria
Aliás, bem que gostaria
Minha poesia fala de dor
De solidão
De mim, do nosso irmão
Vagando pelas ruas
Antecedendo o camburão
Da vida nua e crua
Que termina no caixão
Minha poesia
Fala do povo
Da sua sina
Dos transtornos
Das esquinas
Dos abortos
É, somos essa maquete
Retalhos de gente
Relés indigentes
Sobras do banquete
Dos governantes cientes
Que estão nós matando lentamente.
MINHA POESIA