Voltei
Voltei para São Paulo, com a roupa dele no corpo e no peito um desgosto.
Desgosto de tê-lo enterrado, numa cova rasa e a sensação de que tudo virou nada.
Nada de sonhos e projetos, preocupações deixadas, tristeza de quem vai, sofrimento de quem fica.
Fica a saudade, a sensação da incompletude, mistérios a serem desvendados.
Desvendados como o silêncio, que dizia muita coisa, ou não dizia nada, morreu o meu mistério.
Mistério que fascinava e afligia, e eu como apêndice propago seu legado.
Legado de luta e trabalho, pelo pão de cada dia, pelos supérfluos necessários.
Necessário tê-lo na mente, é o que me resta, me conformar com sua ausência.
Em nome de Deus, em nome do meu consolo.