SINCERICÍDIO

Não minto nem morto...

Há tantos portos pra minha verdade atracar

Há ventos em todo lugar

Palavras que deslizam

Enchendo as velas de golfadas de ar

Há tantas mentiras nodosas

Há tantas rosas machucadas

Tão pouco exaladas

Bem sei que se dependesse dos homens

Seus espinhos chorariam lágrimas de sangue

E nada há que estanque sua maldade latente

As vezes há uns ruídos na minha alma

Algo ruminante como um vício já vencido

Sinto a brisa do vento acariciando o presente

A única verdade a ser pisada é agora

O resto da memória é guerra inútil

O futuro é uma esperança fútil

Somos úteis e férteis quando choramos

Sem sermos ávaros com as lágrimas vindouras

Não douremos a mentira com omissões

E falsas confissões

Não há portões para a morte

Há uma só porta para a verdade

E viver sem mentir é como morrer sem ter existido

Por isso não minto nem morto

Assim deixemos o sangue ser bombeado pela aorta ascendente

Afinal Deus não mente...

Mas escreve certo por linhas tortas

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 05/03/2017
Reeditado em 05/03/2017
Código do texto: T5931416
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