MESA DE INOX FRIA

Deitado nessa mesa de inox fria

No canto do corredor permanece

Do ventre social, essa cria

Fiapo de vida que padece.

E um sopro de esperança

Surgi entre prontuários, geladeira branca

O dono daquela dança

Do jogo que nunca banca

Ser notado acontece

Assim como chega, se vai

Ninguém sequer aparece

Para dizer quem é o pai

Gemem infernos, gritos afiados

Rasgam de madrugada

Mendigos, farrapos calados

Noite sódica parada.

Talvez de hoje não passa

E o sol de manhã não entra

Um presunto deixa a cama

Que o outro já se senta

Do remédio que não toma

Porque estou de coma.

Por sorte algo aconteceu

Levaram um pro exame

E a morte, teia que cresce

Nessa hora reclama

O prontuário agradece

Pro apartamento outra chama

Do fio da navalha se livra

Agora resta o tormento

Dos fatídicos dias de sofrimento.

No final chega o dia

De deixar o hospital

Onde vidas se misturam

Como vacas no curral

Sofrendo com a agonia

De terem passado mal.

Fred Coelho
Enviado por Fred Coelho em 28/01/2017
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