AS MARIAS DA VIDA
Ele nunca deu valor a sua Maria alguns diziam
Eram as cianóticas varizes
As crises
O peso chumbado da idade
A queda dura da gravidade
O elastecer das rugas se proliferando
O tempo implodindo na pele retalhando...
Os olhos dele voltavam-se agora
Para as mais novas
E ela fazia parte de sua desova
Sua vaidade crescia
O que era paralisia
O viagra resolvia
Que invento que maravilha
Enfim tudo era a seu contento
Esquecera dos momentos felizes
Suas culpas esfarrapadas seus deslizes
Agora era aproveitar os momentos felizes
Filhos já crescidos
Sua mulher não presta
Só pensa nas doenças
Tá entrevada tatuada de cicatrizes...
Ela tinha medo de perde-lo em vida
Mais é pra vida que se perde tudo...
Ele pensava em subir o tom e a clava
Era hora de por os pés na estrada
Cair na gandaia
Tudo se resumia a uma minissaia
Ele Nunca dera valor a ela...
Ela se apegara aos netos açucarados
Sabia que um dia por ele fora amada
Isso lhe bastava as boas lembranças do passado
Separaram-se...e o tempo passou diminuto
Dia desses ele com o ego todo emplumado
Entrou no motel muito bem acompanhado
Tomou de seu invento dourando a pílula
Como um esfomeado perdido em meio a gula
Sentiu-se no paraíso como a serpente
Chacoalhando o guizo constante
Esperou o efeito desejado
Foi pra cima enlouquecido com a amante
De repente um grunhido perdeu-se para sempre no instante do gozo
O infarto fulminante...