AS MARIAS DA VIDA

Ele nunca deu valor a sua Maria alguns diziam

Eram as cianóticas varizes

As crises

O peso chumbado da idade

A queda dura da gravidade

O elastecer das rugas se proliferando

O tempo implodindo na pele retalhando...

Os olhos dele voltavam-se agora

Para as mais novas

E ela fazia parte de sua desova

Sua vaidade crescia

O que era paralisia

O viagra resolvia

Que invento que maravilha

Enfim tudo era a seu contento

Esquecera dos momentos felizes

Suas culpas esfarrapadas seus deslizes

Agora era aproveitar os momentos felizes

Filhos já crescidos

Sua mulher não presta

Só pensa nas doenças

Tá entrevada tatuada de cicatrizes...

Ela tinha medo de perde-lo em vida

Mais é pra vida que se perde tudo...

Ele pensava em subir o tom e a clava

Era hora de por os pés na estrada

Cair na gandaia

Tudo se resumia a uma minissaia

Ele Nunca dera valor a ela...

Ela se apegara aos netos açucarados

Sabia que um dia por ele fora amada

Isso lhe bastava as boas lembranças do passado

Separaram-se...e o tempo passou diminuto

Dia desses ele com o ego todo emplumado

Entrou no motel muito bem acompanhado

Tomou de seu invento dourando a pílula

Como um esfomeado perdido em meio a gula

Sentiu-se no paraíso como a serpente

Chacoalhando o guizo constante

Esperou o efeito desejado

Foi pra cima enlouquecido com a amante

De repente um grunhido perdeu-se para sempre no instante do gozo

O infarto fulminante...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 07/09/2016
Reeditado em 07/09/2016
Código do texto: T5752820
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