Vida desnuda

No andar de cima, o barulho,
Na frente do prédio, o entulho,
É alguém que passa correndo,
Que avança o sinal, e não vendo,
Atropela a pobre mulher.

É a vida, que num passo, se passa,
É a dona, sem brio, devassa,
Que desnuda, em frente à janela,
Mas ninguém nunca olha pra ela,
E ela fica querendo um olhar.

É o palhaço com a tocha na mão,
Trabalhando para ganhar o seu pão,
Enquanto não acende o sinal,
Iluminado, imaginando ser o tal,
Mas, retorna, sem nem um tostão.

É a vida que escorre entre os dedos,
Com alguns sorrisos e muitos segredos,
Mas, quem sabe, quando vai ser o final?
Ninguém sabe seu dia fatal,
Até partir para a eternidade...