KALI

KALI

As dores de parto da boemia

que escondia um fardo

dentro da barriga

queria suicidar-se

sem deixar vestígios

perto da porta

de um altar abandonado

ó sagrado dito por todos

que oferenda maior

seria eu e este veneno

por dentro me corroendo

corrompendo

amando minhas entranhas

invadidas

o doce precoce desejo

adornado de pérolas

de brilhantes

de todo instante preciso

inserido pra ter prazer

teve um outro juízo

posso pelo mal que trago

ter o afago da morte

qual sorte teria

pra viver uma memória

que não me pertence

o materno é um duplo

das dobras do ser

profundo

nem o louco amante

do meu corpo

nem o pouco que sobrou

de todo este durante

foi querido proposto

sofri desejando abri-lo

retirar ao sacrifício

ouvir o comício de mazelas

idiotas que tem uma “orgia

de bichos”

não aborte

toda vida poderá ter uma sorte

que o norte sabe do leste

pelo oeste

chega ao sul da forma

este circulo entre tudo

não me conforta...

MUSICA DE LEITURA: SQÜRL - Funnel of Love