Não Cabe em Mídia

 

O sol se recolhe. Traz para si o lençol da noite, descobre a lua.

Pelas frestas fogem tons multicoloridos, resta pouco tempo.

Dos bocejos da estrela maior a brisa morna penteia o mato.

Pássaros em disparada retornam ao ninho, piam, chamam os seus de volta ao lar.

Bichos rasteiros buscam as tocas, outros se preparam para a jornada.

No riacho do pé da serra, sob a água cristalina, brilham as cores da fauna.

A alma do artista se eleva e lhe deixa o corpo.

Viaja até onde lhe é permitido e frente à natureza, o poeta se rende, credor do presente intangível lhe concedido.

Reconhece não caber em foto ou retalho de filme, a emoção que sente.

Compreende não ser justo com doador, o repasse da exclusiva dádiva em condição adversa à sua.

Guarda para si, o infungível momento.

Compartilha a palavra por ser conforto, pão e vinho por ser alimento e vida, respeito por ser essência.