O encontro
Vamos. somos dois em um,
Eu... presente, e “ele” que sou eu... ainda em crescimento.
A imagem é claramente impúbere; com perfeito discernimento
vejo que não estava muito distante de quando saí do ventre materno.
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Portanto a primeira do singular,
com certa turvação, enxerga e quer tocar a terceira.
Aquele momento... por mim escolhido,
poderia ter sido o meu mais brilhante dia vivido.
Não fosse o rumo enviesado, que tomei naquele dia ensolarado.
O embaciamento “visual” não tira a imagem em perfeição
do menino que joga... cuja sintonia de corpo e alma o desprende de tensão.
Esta viagem a locais que já toquei e senti, traz prazeres transcendentais.
O desejo do encontro... é grande e reconfortante.
Porque nesta ida ao passado... só momento enlevado,
elejo as lembranças, fazendo prevalecer às boas sobre as ruins.
Quero mudança, daí este desejo ao encontro com o eu... criança.
O momento adequado, foi o dia da tomada de rumo desconsertado.
É o ponto em que os caminhos estavam encruzilhados,
tenho a segurança que exatamente ali tomei atalhos errados.
Não há escuridão, é corpo com perfeita visão.
Vou com passos comedidos... porque neste encontro, um fato é seguro.
Quero que o eu do passado repreenda o eu do futuro,
assim o desgaste vivencial não trará tantas marcas a este corpo atual.
Este desejo ardente de que o futuro fosse diferente,
induz-me a pedir sem receios e com ímpeto... todos os meus anseios.
Praticarei esta ação, sem envergonhar-me da submissão, exclamando,
palpites com veemência, que aceitarei com total obediência.
Dali em diante iniciaria meu viver...
Com a segurança de que os erros que cometi
não me trarão tormentos, porque graças ao eu do passado
poderei viver sem medo, de por o pé em caminho errado.
Abraão Leite Sampaio
Poema publicado Pela LITTERARIA ACADEMIAE LIMA BARETO no "Anuário da Nova Poesia Brasileira - 2015" - Edição Especial - Janeiro de 2015-
Coedição da