Pátria mãe dos filhos da morte
Vivemos desesperadamente a vida.
Corremos, trabalhamos, lutamos, para quê?
Nunca pensamos na dor infinita
Que é vê um filho morrer.
Um filho de uma mãe dedicada;
Um filho de uma pátria relaxada;
Um filho que para ser importante
Precisa ter um grande motivo para aparecer.
Aparecer na manchete do jornal,
Na página policial.
Um filho que mata
Ou um filho que morre,
Numa guerra irracional.
É uma pátria omissa.
É uma mãe que tenta sobreviver,
É uma situação sem medidas,
É um interesse de poder.
Poder de esquecer a responsabilidade.
Poder de fazer e deixar de fazer.
Poder de não dar aos filhos a tranqüilidade
De querer conquistar e de crescer.
Quem são estas crianças
Que hoje matam nosso filhos?
Que futuro, que esperança
Podemos ter nestes descontrolados indivíduos?
O homem já não é mais humano,
O homem não pode nem ser qualificado como bicho.
O homem é uma vergonha vagando
por uma pátria que não cuida de seus filhos.
Não somos iguais na dor.
Não somos iguais nas atitudes,
Mas devemos ser iguais no amor,
No respeito e na vontade
De mudar nosso destino.
Hoje vivemos em função de dinheiro,
Nada no mundo tem maior valor,
Assaltar é trabalho para os bandidos
Como encarar isso sem pavor?