A travessia...

Numa nau embarquei contra minha vontade,

No verde do mar eu vi minha vida passar,

Descobri que depois da triste partida,

Já não tinha mais liberdade!

A fome e o cansaço, findou os nuanses da esperança,

Minha lágrima, um oceano de lembranças,

Minha fé, o que restava,

A homens, mulheres e crianças!

Nosso valor os dentes diziam(rangiam),

Nossos corações na chegada se partiam,

Meu filho, minha mulher, minha mãe,

Jamais se encontrariam!

Trabalhei de sol-a-sol,

Com o coronel, a chibata, a flandres e o nó,

Essa mercadoria que pra poucos valia,

Pra muitos marcas e marcas ficariam.

Mas não tenho registro de tudo o que foi dito,

O livro não pode dizer não!

Navio já não pode aportar,

Trazendo meu irmão.

A usina, que ironia, tem fogo morto,

As terras devolutas são!

O meu irmão morreu,

E a liberdade foi em vão!

PARAYBANA
Enviado por PARAYBANA em 20/12/2014
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