Pé-de-Vento
O vento que varre
as pedras nuas
destas ruas,
meio estreitas,
não muito largas,
nem muito direitas,
com leveza
vem e espreita
a casa da esquina.
Varre a mesa
feito furacão
e numa ação
meio tonta,
apronta na sala:
Bate a janela,
bate a porta
e esparrama pelo chão
um monte de papéis.
O pó de seu dorso,
deposita-o no móvel
velho e imóvel
que está num canto,
enquanto, com estranha
sutileza, embala
com singeleza
as dobras contorcidas
duma enorme cortina!
Valdir Merege