Pé-de-Vento

O vento que varre

as pedras nuas

destas ruas,

meio estreitas,

não muito largas,

nem muito direitas,

com leveza

vem e espreita

a casa da esquina.

Varre a mesa

feito furacão

e numa ação

meio tonta,

apronta na sala:

Bate a janela,

bate a porta

e esparrama pelo chão

um monte de papéis.

O pó de seu dorso,

deposita-o no móvel

velho e imóvel

que está num canto,

enquanto, com estranha

sutileza, embala

com singeleza

as dobras contorcidas

duma enorme cortina!

Valdir Merege

Valdir Merege
Enviado por Valdir Merege em 07/12/2014
Código do texto: T5061812
Classificação de conteúdo: seguro