Abajur!

POEMA DO OBJETO – Por uma poética material !

Quem disse que a frialdade do objeto não tem poesia? Que só o coração é capaz de provocar o poeta? Que só o humano é substância poética?

Ora, o objeto, na sua fleumática existência tem mais emoções contidas que muito coração vazio por aí! O abajur, por exemplo.

Abajur!

Quebra a luz!

A luz silencia.

O coração amorna.

Tudo entra em

estado de inércia.

A luz mortiça

se esparrama lentamente.

Atinge todos os cantos.

Os mais contidos.

O riso, sorriso

O olhar vivo, esmaece

As mãos adormecem

O corpo dilui-se

à sombra

da luz mortiça

do abajur.

Anna del Pueblo
Enviado por Anna del Pueblo em 04/10/2014
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