Abajur!
POEMA DO OBJETO – Por uma poética material !
Quem disse que a frialdade do objeto não tem poesia? Que só o coração é capaz de provocar o poeta? Que só o humano é substância poética?
Ora, o objeto, na sua fleumática existência tem mais emoções contidas que muito coração vazio por aí! O abajur, por exemplo.
Abajur!
Quebra a luz!
A luz silencia.
O coração amorna.
Tudo entra em
estado de inércia.
A luz mortiça
se esparrama lentamente.
Atinge todos os cantos.
Os mais contidos.
O riso, sorriso
O olhar vivo, esmaece
As mãos adormecem
O corpo dilui-se
à sombra
da luz mortiça
do abajur.