SALVE-SE QUEM PUDER
Meus sonhos estão cheios de teia de aranha
É a eterna e ávida locomotiva da vida
Um dia se perde outro dia se ganha
O sexo é oferta de barganha
Seus trilhos são dentes indômitos
O tempo é seu alimento
É banha derretendo em sedento deserto
E faminta vai engolindo
A gente por dentro e a céu aberto
Qual pão bolorento
Os dias estão não mais verdes que nem coentros
Cada vez mais ficando de um céu azul cinzento
O vento carmim apocalíptico
Faz a terra deglutir o sangue
Porque a normalidade não mais existe...
E tudo está se atolando no mangue
Manifestos estão infectados
Os filhos degredados de Eva
Por odiar seus irmãos de ervas
Ora são assassinos porque pecam
Possuem a luz mais tem a coagulação das trevas
Se de minhas mãos pudesse dispor
Do olor das perfumadas entranhas as transformaria em flor
Que sinto em absinto para mudar o odor da dor em pétalas de amor.