A Sociedade dos Poetas Vivos
Todos o somos.
Todos poetamos
de alguma forma.
Na feira,
anunciando produtos
ou milagrosas ofertas.
Flertando com a
pretendida
ou cantarolando a
melodia preferida.
Nos cordéis, nos bordéis
ou nas nossas orações.
Nos sermões do pastor
ou ao descrever uma dor
para tentar convencer
o patrão
de sair mais cedo
naquele dia.
Em todo canto há poesia
e todos somos poetas,
em potencial ou não
e muitos rimam
Salomé e Salomão
sem sequer saber
quem são.
O brega, o erudito,
o feio, o bonito,
o popular, o vulgar,
o da Academia,
o da madrugada fria,
são apenas rótulos,
dados aos propagadores
do amor,
do sentimento real,
surreal ou romântico.
Cafajestes in contestes,
somos utilizáveis
em confissões inconfessáveis.
A poesia pode ser indireta
e o poeta não necessita
se expor, como quando
escrevíamos carta
e se a reação fosse contrária
azar do carteiro.
Poetas,
todos nós o somos
nem que seja por um dia
ou o seremos um dia
e para isso, quase sempre,
basta se apaixonar.