cotidiano
sou um cidadão
atarefado
chuto o monte
no meio da
rua
pego o talão
de água
corro até o bebedouro
porque
a sede mata
quem ainda não morreu
de fome
por aqui?
furo
o sinal vermelho
paro
no meio da faixa
e começo
a chorar
sou um cidadão,
ser
humano
estou com
o nariz seco
de tanto
trans-
pirar
dióxido de carbono
deixa?
eu te cheirar?
corro
para
atravessar a rua
mas não
chego a lugar algum
o meu tempo
esgotou
foi pelo
esgoto
para o fim
do mundo.