MONÓLOGO: 03.( Queixas ).

A sua benção meu pai,

Diz o filho todo contente,

Hoje o dia está tão lindo,

Mas não lhe vejo sorrindo,

Como foi antigamente!

O senhor não está feliz?

Vejo-lhe apreensivo,

O senhor quer me contar,

Quem sabe posso ajudar,

Posso saber os motivos?

Mesmo o senhor sendo velho,

Precisa de se divertir,

Porque Fica acabrunhado,

Com seu semblante fechado,

Não sabe nem mais sorrir!

Não me diga que não gosta,

De dar uma saidinha?

Pois só fica ai sentado,

E os olhos marejados,

Não to gostando nadinha!

Sabe meu amado filho,

Só estou um pouco triste,

Não tenho porque me alegrar,

Só vendo o tempo passar,

E eu aqui nessa mesmice.

Entra dia e sai dia,

Vejo que tudo é igual,

Nada por aqui se muda,

Nem adianta pedir ajuda,

É o mesmo trivial.

Estou aqui meditando,

Dos meus amigos de outrora,

Que na nossa juventude,

Vivíamos a miúdes,

Não sozinho como agora.

Era um quinteto do bem,

Vivendo por esses lados,

Manoelzinho e Patrício,

Roger Soares e Mauricio,

E eu Alberto salgado.

Não existia tempo ruim,

Pra gente tudo era festa,

Fazíamos o ensino médio,

Todos do mesmo colégio,

Ali de Alta Floresta.

Há! No meu tempo de jovem!

Sabe que sinto saudade?

Quando tudo eram sonhos,

Um alvoroço medonho,

Em nossa comunidade!

Lembro do Manoel Zinho,

O meu amigo do peito,

Pra ele não tinha hora,

Nós saiamos mundo a fora,

Era o parceiro perfeito.

E o patrício machado,

Hô! Cabra bom de pancada,

Sujeito baixinho entroncado,

Era muito educado,

Mas tinha a mão pesada.

Roger Soares o mais velho,

Era nosso conselheiro,

Esse nunca desgrudava,

Em todo lugar estava,

Um vigia verdadeiro.

E Mauricio o pensador!

Era o mais intelectual,

Estava sempre na dele,

Mas quem mexesse com ele,

Por certo se dava mal.

Não estou triste meu filho,

Fico apenas embaraçado,

No meu bom tempo de jovem,

Que hoje não me comove,

Como antes no passado.

Não tinha o conhecimento,

Mas já tinha consciência,

Que todo jovem é afoito,

Se já tem quatro, quer oito,

Pra isso tem competência.

Ali tudo era diferente,

Dos jovens de hoje em dia,

Podíamos sair de casa,

Mas cedo se retornava,

Era o que o pai exigia.

Hoje não! Tudo mudou!

Jovem não tem mais respeito,

Nessa tal vida moderna,

Está tudo uma baderna,

Ninguém sabe o que é direito.

Juventude desregrada,

Vivendo em nosso meio,

Com essas barbaridades,

Falo com toda sinceridade,

Confesso tenho receio.

Lá no meu tempo de jovem,

Eram, os pais quem mandava,

Se falasse estava feito,

E o filho com todo respeito,

Nada lhe questionava.

Não existiam celulares,

Tão pouco computador,

Tudo era feito a mão,

O cabra quisesse ou não,

Mandava o professor.

Tudo na vida era simples,

Todos ali eram iguais,

O filho aos pais dava bença,

Não tinha essa indecência,

Desses dias atuais.

Por isso digo-lhe meu filho,

Não se preocupe comigo,

Meu vigor estou perdendo,

Mas sei o que estou dizendo,

Acredite no que digo.

Sabe! Fico imaginando,

O que será dessa gente,

Com jovens alienados,

Como loucos endiabrados,

Pintam e bordam friamente.

A juventude de hoje,

Não dá a mínima pros pais,

Fazem da vida o que quer,

Seja homem ou mulher,

Agem como lhe apraz.

Baladas e mais baladas,

De rapazes e mocinhas,

Que se perdem em noitadas,

Vivendo escangalhadas,

Hó! Juventude mesquinha!

Temo por você meu filho,

Que já está se formando,

Seja um pouco inteligente,

Não faça como essa gente,

Que são cegos tateando.

Ouça bem mais do que fale,

Em tudo preste atenção,

Da vida tire o melhor,

Siga seu caminho só,

Sem nenhuma apelação.

Nunca mexa no alheio,

Dê sempre o melhor de si,

Seja em qualquer função,

Cumpra sua obrigação,

Pois isso espero de ti.

Dê a mim essa alegria,

Seja um homem de bem,

Mesmo que lhe falte à sorte,

Mas seja valente e forte,

Que a sorte um dia vem.

Quanto a seu velho pai,

Não me lamente a partida,

Pois calar-se-á minha voz,

Só porque o tempo algoz,

De todos consome a vida.

Já vi tudo e mais um pouco,

Já amei e fui amado

Sei que na minha partida,

No expirar minha vida,

Não espero ser honrado.

Quero apenas uma coisa,

Já que virão tristes ais,

Ter a aprovação divina,

Por ter cumprido essa sina,

Descansar junto a meus pais.

Cosme B Araujo.

01/03/2013.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 01/03/2013
Reeditado em 02/03/2013
Código do texto: T4166746
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