O Prédio
De repente, que susto!
Surgiu sobre os fios e as árvores,
Outro prédio, o mais alto que já vi,
Da minha porta, da minha janela,
Invasão de ferro, tijolos, britas,
Cimento, areia e concreto.
O Prédio cresceu, cresceu, cresceu...
Até esconder o céu, o sol, a lua e as estrelas.
Cresceu até sua sombra não aguentarem mais Crescer.
Os aviões mudaram de atitude e de rota,
Os urubus não aguentaram voar tão alto e Sumiram,
As aratacas cantoras não suportaram
O barulho e trocaram de endereço
Os cães e os gatos assustados fugiram,
As antigas galerias com excesso de esgoto
Entupiram,
Os ladrões, as prostitutas, as baratas e os ratos.
Atraídos pela chegada dos moradores Aproximaram-se,
As ruas estreitas e esburacadas engarrafaram,
E os moradores do bairro,
Sem vizinhos, continuaram sozinhos,
Pois ninguém coloca o rosto na janela,
E nenhum dos moradores é visto pelas ruas
Cruz Credo!... Que Tédio!...